Neurologista brasileiro revoluciona o tratamento de doenças
autoimunitárias e neurodegenerativas
Perda da coordenação
motora, rigidez nas articulações e fraqueza muscular são alguns dos sintomas da
esclerose múltipla, uma doença autoimunitária que afeta o sistema nervoso
central e que, em estágio avançado, incapacita a pessoa para as atividades mais
corriqueiras.
Sua evolução leva a insuficiência respiratória,
incontinência ou retenção urinária e até a perda da visão e da audição. Em todo
o mundo, 2,5 milhões de pessoas sofrem de esclerose múltipla. No Brasil,
segundo a Abem (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla), há 35 mil casos
da doença.
Para a grande maioria dos médicos em todo o mundo, o
tratamento tradicional da esclerose múltipla é feito com o medicamento Interferon
e corticosteroides, além de fisioterapia e fonoaudiologia, e os resultados
apontam para a redução em 30% das crises da doença.
Vitamina D
No entanto, um médico brasileiro vem discordando da terapia
tradicional. O neurologista Cícero Galli Coimbra (foto), professor da
Universidade Federal de São Paulo, afirma que a chave para o problema é a
vitamina D, uma inovação terapêutica defendida em vários estudos publicados em
revistas científicas internacionais. “A vitamina D, daqui a alguns anos, será a
base do tratamento não só da esclerose múltipla, mas de todas as doenças
autoimunitárias”, prevê o especialista (veja entrevista com o médico no vídeo
acima).
“Hoje, já se sabe que o risco de esclerose múltipla aumenta
quando se têm níveis baixos de vitamina D. O que propomos é a elevação dos
níveis de vitamina D ao ponto máximo que não provoque efeitos tóxicos ao
organismo. O sucesso do tratamento com vitamina D vem sendo demonstrado e a
única dúvida que resta é quanto aos níveis que se devem atingir para que se
obtenha o efeito ideal”, explica Coimbra.
Segundo o neurologista, o benefício da vitamina D fica ainda
mais nítido se observarmos que os casos de esclerose múltipla são muito mais
frequentes nos países nórdicos, como as nações escandinavas e o Canadá, onde a
exposição da população aos raios solares é muito baixa. O sol, como se sabe, é
a principal fonte de vitamina D com a qual contamos. “A radiação solar da manhã
e do final da tarde faz com que o nosso organismo produza vitamina D. Uma
pessoa que fique na beira da piscina de sunga, com 90% do corpo exposto ao sol
por apenas 10 minutos, produz mais vitamina D do que a contida na dose diária
normalmente recomendada pelos médicos. Mas atenção: o mesmo não acontece com o
sol do meio-dia, que provoca câncer de pele”, orienta o médico.
Tempos modernos
A esclerose múltipla, bem como as outras doenças do sistema
imunológico, é um mal dos tempos modernos – e isso também tem a ver com o sol.
Nossos antepassados sofriam muito menos com isso. “Nossos avós tinham uma vida
na lavoura, iam à feira livre fazer compras. Hoje, nós pegamos o metrô,
descemos num shopping center, entramos num carro com Insulfim, descemos na
garagem de um prédio e subimos de elevador. Como toda doença autoimunitária, a
esclerose múltipla aumentou muito nos dias atuais. Nosso nível de exposição
solar é, hoje, quase o mesmo que o dos ratos de laboratório”, adverte Coimbra.
Consumo sob orientação médica
Coimbra salienta que a vitamina D com fins terapêuticos deve
ser consumida sob rigorosa orientação médica, pois os níveis necessários para a
eficácia do tratamento são muito mais altos do que os que se encontram nos
produtos vendidos em farmácias. “Não se consegue administrar doses que tenham
efeito terapêutico apenas com os produtos à venda nas drogarias. Para
efetuarmos o tratamento, ainda dependemos de formulações feitas em farmácias de
manipulação”, enfatiza.
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