Arte tem idade?
No dia 21 de agosto de 1931 nascia em Lins, Francisco Ponce. Figura que anos depois se tornaria referência em arte e cultura na cidade. Não há como falar da história do município sem citar a trajetória de vida do linense.
Quem vê o sorriso no rosto de Francisco, 80 anos, não imagina tudo o que já superou. O constante bom humor e a tranquilidade que ele mostra diariamente escondem um passado cheio sonhos, determinação e muito trabalho.
Apesar da curiosidade pelos desenhos já existir desde a infância, sua aproximação com a arte se deu de forma natural; primeiro trabalhando com os seus tios como pintor, depois trabalhando por muitos anos com publicidade (pinturas) por toda a cidade. Trabalhou também como funcionário público estadual no Hospital Clemente Ferreira, onde mais tarde se aposentou.
Francisco Ponce teve sua infância ao lado dos cinco irmãos e dos pais no bairro da Vila Alta, onde vive até hoje. Perambulou em busca de trabalho por todos os cantos, com um sonho: de um dia ser artista. Desde muito novo, Francisco já rabiscava alguns desenhos, sem saber que se tornaria reconhecido por realizar grandes obras. A arte, que ele considera um dom desde o primeiro dia de vida e também uma profissão, descobriu Francisco e Francisco doou-se à arte.
Também ficou conhecido por fazer inúmeras esculturas em madeira, publicidades, desenhos, artes plásticas e pinturas. Com ingenuidade e espontaneidade, sem saber que a arte possui as mesmas características, Francisco mais tarde conquistou seu próprio espaço, onde ninguém mais duvidaria do seu talento.
Pouco a pouco, o artista conseguiu superar as barreiras e mudou o destino a seu favor. Foi então que a história dele começou a mudar. Eram aproximadamente 20 quadros por ano. No total são 300 quadros, 70 esculturas e uma curiosidade sem tamanho de conhecer a infinidade de uma paleta de cores. Quais seriam as cores que essa vida tem? A arte tem idade para terminar?
Paixão pela vida, pela família e pelas cores. Paciência, disciplina e profundidade são as qualidades visíveis e notáveis do artista. Francisco pintava com amor sem nenhum interesse em ganhar dinheiro com esse trabalho. Essa é a arte dele. Pequenos gestos e nota 10 no quesito criatividade.
Francisco gostava de pintar quadros grandes, não se apegava a miniaturas. Apreciava, pois, espalhar suas ideias em espaços amplos, onde pudesse colocar os detalhes mais importantes.
Francisco fez curso técnico de desenho na escola Fernando Costa. Era amigo e vizinho do consagrado artista Manabu Mabe, foi professor da pintora linense Joanita Cavalcanti, amigo de Saul Antônio Boa Sorte e também teve influências de Teisuke Kumassaka, pessoa que se tornou próxima devido à pintura.
Em 1978, Francisco decidiu que era a hora do seu sonho sair do papel e virar realidade. Alugou um galpão (Pinturas Ponce) em frente ao atual prédio da Ponce Tintas e prestava serviços de pintura e publicidade com apenas quatro funcionários. A determinação do pintor, junto ao seu filho transformou a empresa em comércio de tintas. Hoje, são três lojas no mesmo segmento com mais de 22 funcionários, que ficam nas mãos dos seus filhos.
Ao lado de Francisca há 55 anos, o casal teve quatro filhos: Francisco Carlos Perez Ponce, José Geraldo Perez Ponce, Luiz Geraldo Perez Ponce e Rita de Cássia Perez Ponce. Um dos episódios mais marcantes de sua vida foi a perda do seu filho Francisco Perez Carlos Ponce em um acidente de carro no ano de 2005.
Hoje, Francisco leva uma vida menos agitada ao lado da sua esposa Francisca, de 78 anos. Passa diariamente na Ponce Tintas e na parte da tarde vai para o rancho no rio Dourado, pescar, cuidar da horta e das plantações e descansar.
Com centenas de trabalhos em seu currículo e com toda a disposição para o trabalho, Francisco decidiu que era a hora de tirar um tempo para si próprio. Após a aposentadoria, Francisco deixou o trabalho no comércio e se dedica aos quadros e esculturas apenas como hobby.
Francisco não reclama da vida, tem somente a agradecer por ter desfrutado ao máximo todo o prazer que a pintura lhe proporcionou. O amor e dedicação de Francisco à arte irão acompanhá-lo até os últimos dias. Sempre com um toque de sensibilidade e sonhos que se tornam possíveis e reais com alguma criatividade.
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