quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Velhice


Crônica do amigo radialista e escritor linense, Cilmar Machado do Santos.
Homenagem à terceira idade e também aos nossos parceiros do Portal da Terceira Idade!

                Há certos vocábulos em nossa língua que tendem a desparecer pelo desuso. A VELHICE é uma dessas palavras. Hoje, o máximo que se admite para alguém com muitos anos é ser chamado de idoso ou idosa. Mas, como na matemática, a ordem dos fatores não altera o produto final, todos os que atravessam a famigerada casa dos ENTA, são idosos e ponto final.
                Uma amiga minha, após tornar-se sessentona, inconformada com tal situação, desabafou num divertido E-mail, chegando a afirmar que devemos aceitar a velhice recusando as metáforas que nos impingem: ¨ terceira idade ¨, ¨ idade de ouro ¨ melhor idade ¨ e muitas outras mais. Segundo ela, ¨ ser velha não é crime, é apenas constrangedor ¨, sendo a velhice, ¨ a última sacanagem que a Natureza comete contra nós. ¨ De característica dinâmica e empreendedora, mesmo após aposentar-se na direção de uma respeitada multinacional, essa minha amiga passou a frequentar um dos chamados grupos da 3ª Idade e, em pouco tempo, constatou que o problema do idoso não é tanto saber de seus direitos e sim como comportar-se para dar menos trabalho aos seus familiares e amigos. Observadora arguta, minha amiga chegou a elaborar algumas normas de conduta para as idosas:
1)      Viva com inteligência o tempo de vida útil que lhe resta. Viva a sua vida, não a dos seus filhos, netos e/ou marido. Tenha seus próprios interesses e projetos.. Ainda se tem direito aos sonhos. Aliás, em breve teremos direito só aos sonhos;
2)      Coma menos, beba menos e fale menos. Velhas magras, sóbrias e contemplativas são menos doentes e chatas;
3)      Poupe seus familiares e amigos (para aquelas que ainda têm alguns) de conversas sobre o passado, doenças e dinheiro. Estes assuntos devem ser tratados, só e somente só, com seu psicoterapeuta. Em caso de emergência, a exceção é aquela sua amiga que já teve dois AVCS e não tem condições de reagir;
4)      Não aborreça ninguém com os relatórios de suas viagens. As viagens de velhas são interessantes só pra elas mesmas. Aprenda a ser concisa, comente apenas o destino e a duração da viagem. Se por algum milagre, alguém perguntar mais alguma coisa, procure responder com monossílabos;
5)      Cuidado com a nostalgia e o otimismo. Velhas tristes são chatíssimas. Velhas alegres demais, mais ainda. Não se ofereça para ir a carnaval fora de época com seus sobrinhos. Fora de época, é você. Não tenha certeza de que vai ser uma companhia agradável em acampamentos e shows de rock. Um ataque cardíaco pode acabar com a festa de todo mundo;
6)      Escolha um bom médico. Ele, sim, vai ser seu pai, irmão, marido e amigo querido. Não se automedique. Não há nada mais irritante do que velha metida a curandeira.
E, por último:
        Pense muitas vezes antes de se aposentar. Trabalhar tem muitas vantagens, além do dinheiro. A principal delas é para sua família, pois serão seus colegas de trabalho que vão ter que lhe aguentar a maior parte do tempo.
                Há outros sábios conselhos de minha amiga sessentona que não concebe que às idosas sejam aceitas apenas atividades como: cuidar da horta, do jardim ou mesmo trabalhar para a caridade. Também os homens precisam fugir do estereótipo de que ¨ velho só serve para jogar damas, bingo e dançar forró.  ¨ Aleluia! Há uma luz no final do túnel!

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