quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cilmar Machado


Quem já não passou horas e horas ouvindo programas de rádio enquanto executava tarefas cotidianas? Quem não já se pegou dando asas à imaginação durante uma história contada no rádio ou respondendo as perguntas feitas pelo locutor? Radialista há mais de 50 anos e proprietário da Rádio Alvorada, Cilmar Machado dos Santos nos conta um pouco sobre a sua vida pessoal e profissional. Confira:

Há quem diga que ele já faz parte do dia a dia, como se fosse parte da família. Com apenas um bom dia, ele entra sem pedir licença e permanece em sua casa. Quando você vê, ele está lá, todos os dias, há muitos anos. Um dia sem ouvi-lo é como um dia sem sorrisos. Ele dá conselhos. Fala sobre horóscopo. Fofoca. Toca as suas músicas preferidas. E sempre tem uma palavra de afeto ou consolo na ponta da língua. Desde 1982 ele se apresenta diariamente como Cilmar Machado em um programa de variedades. Cilmar é radialista desde os 17 anos. Nascido em Garça em 28 de julho de 1941 veio para Lins com os pais aos seis anos de idade. Sem influência direta de comunicadores na família, Cilmar descobriu o seu talento muito cedo. Desde pequeno andava pela cidade ajudando profissionais em propagandas de rádios e igrejas. Foi então que se tornou conhecido e começou a trabalhar em 1958 na Rádio Clube de Lins. De lá para cá não parou mais.

Hoje, com os seus bem dispostos 70 anos, ele continua diariamente com o “Bom dia amigos” todas as manhãs. São oficialmente 53 anos no ar. Já passou por todas as bodas existentes na profissão, até a de ouro. Cilmar tem experiência e amor pelo o que faz. Trabalhando na rádio Clube, Cilmar dividia o seu tempo entre locutor e apresentador de shows pelo Brasil afora. Chegou a morar em São Paulo em 1964 para trabalhar na rádio CBN como é conhecida atualmente. Silvio Santos, Hebe Camargo, Chacrinha e grandes nomes da música da época eram alguns dos seus companheiros de trabalho. Mas Cilmar gosta mesmo do interior. Resolveu voltar e cursar serviço social. Terminando a faculdade e ainda trabalhando como locutor, o radialista decidiu que era hora do seu sonho virar realidade. Em 1967, ao lado do seu irmão Sid, Cilmar passou a ser sócio e proprietário de uma grande rádio que estava desativada, a Rádio Piratininga.

Em 1973, no mesmo ano em que se casou, a rádio Piratininga mudou de local e passou a se chamar Rádio Alvorada. Em sua grade há uma variedade de programas onde os ouvintes participam e podem reclamar do que estão insatisfeitos: política, economia, esporte, amizade, até amor. Tem também o “troca-troca”, um espaço destinado à troca e venda de todos os tipos de objetos. Tem religião. Tem transmissão de jogos. Tem espaço para você pedir o que gosta de ouvir.

Ser radialista é mais do que um talento e uma profissão. É amor para toda vida. Cilmar nunca exerceu o curso que fez, mas garante que foi uma boa escolha. Cilmar é apaixonado pelas pessoas, pela energia e emoção que elas transmitem para o próximo.

Pela força política da época e por uma pressão da sociedade, Cilmar foi prefeito em Lins pelo antigo partido PL (Partido Liberal), do período de 1989 a 1992. Conta que seu mandato não foi nada fácil. Havia muita coisa para ser colocada em seu devido lugar. Antes de ser político, Cilmar era membro de um grupo que trouxe escolas de ensino superior para Lins. A construção de centenas de casas, novas escolas municipais, a inauguração da Delegacia de Defesa da Mulher e a criação do Conselho Municipal de Saúde foram os principais feitos desses quatro anos no poder municipal.

Cilmar é indiferente em relação à política. Depois de 1992 nunca mais se envolveu com isso. Foi uma boa experiência. Mas única. Crê que as ideias precisam ser renovadas e novos projetos criados por políticos diferentes.

Seu destino sempre foi o rádio. Tinha certeza de que não conseguiria ficar longe do meio mais antigo de comunicação. Atualmente o radialista permanece pouco na Rádio Alvorada. Seu filho Silmar Silva Santos (radialista há 14 anos) formado em jornalismo, sua esposa Kellen Patrícia Rodrigues, Jardel Silva Santos advogado e Guilherme Silva Santos administrador, tomam conta da parte burocrática da empresa da família. Sua esposa, Sonia Silva Santos, 62 anos, professora aposentada, passa os dias com o marido desfrutando o que a idade e o conforto lhes oferecem. Cilmar conquistou tudo com o seu trabalho. E está passando isso para os filhos. Está no sangue. Cilmar não pensa em deixar apenas na memória ou aposentar o dom que lhe foi dado. Tornou-se um vício, que cultivado virou paixão.

Cilmar também é adepto das redes sociais: passou a fazer parte dos meios de comunicação da internet, e perde pelo menos algumas horas do dia se comunicando com os amigos. Desde 2007, Cilmar também escreve crônicas para o Jornal Debate. Já são 276 contos imaginários, políticos, amorosos e muito curiosos.

Cilmar deseja que as rádios, inclusive as AM continuem sobrevivendo no Brasil, mesmo que seja apenas de publicidade e de ouvintes fiéis. É amor verdadeiro que não vai morrer jamais. E que nunca vai sair de dentro do peito dele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário